Frequentemente, sou abordada por pessoas no Instagram, através de mensagens diretas, solicitando textos ou livros sobre temas muito específicos. Por exemplo, recebo pedidos como: "Você tem algum material sobre mães abusivas com a filha mais velha?" ou "Existe algum texto sobre transtornos alimentares em pessoas que perderam a mãe?"
Embora esses sejam exemplos hipotéticos, as questões são sempre detalhadas, como se houvesse uma solução pronta e uma fórmula exata para resolver tal problemática.
É um pouco mais compreensível quando leigos buscam essas respostas, embora continue sendo problemático esperar soluções fáceis para assuntos complexos. Contudo, o que realmente me preocupa são profissionais da psicologia buscando 'A RESPOSTA' definitiva para o problema de um paciente. Na nossa prática, não lidamos com manuais de patologia; nossa ferramenta é a escuta. Problemas como transtornos alimentares podem ter diferentes significados para diferentes indivíduos.
Lacan afirmava que o sintoma é uma metáfora que precisa ser interpretada. Não encontraremos as respostas em manuais!
"Então, na psicanálise, não encontraremos artigos sobre temas tão específicos?" Sim, encontraremos, mas são geralmente estudos de caso que servem para ampliar nosso repertório, não como manuais para outros casos.
Outro ponto crucial é a existência do Google, ou mais especificamente, do Google Acadêmico, que foca em artigos científicos. O aprendizado não é passivo; não se trata de receber respostas prontas, mas de buscar ativamente, dedicar-se à leitura e à pesquisa.
É preocupante ver pessoas se 'formando' em qualquer área sem o esforço de ler e pesquisar por conta própria. Na vida, respostas prontas são uma ilusão!
Adélia Tabaczinski
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